quinta-feira, 2 de julho de 2009

Pseudomoralizaçao

Há alguns meses que por um mero acaso me deparei com um pensamento diferente. Diferente daquele que por toda minha vida me foi imposto e enfiado e socado e credulamente absorvido pelo meu saber virgem de crítica. Toda aquela educação mesquinha de se autoinferiorizar e idolatrar o perdedor, a humildade exorbitante, que hoje dói aos meus sentidos como um alfinetar na espinha, “bonito aquele que sofre pelo outro”, “que leva um murro e da um beijo”, elogiar a si mesmo: um pecado capital ! Pecado é o caralho.!! Essa mesquinhez que me deparei a questionar foi contemplada por um grande filósofo, Nietzsche, Friedrich Wilhelm Nietsche, ateu, aplicou o título de religiões decadentes ao Budismo e Cristianismo por aspirarem o nada ou o pouco como virtude, não vejo melhor colocação.

Nas ditas desse filósofo encontrei fundamento e apoio ao meu ceticismo com essa pseudomoralização que nos faz crer em uma fictícia racionalidade pura, que vai contra o instinto real humano de competição e superação, incluo até mesmo um certo narcisismo, que por mais que neguemos nesta fissura, é, ou deveria ser, parte integrante de cada um de nós, qualidades que nos sobrepuseram, na seletividade da evolução, aos animais.

Ora, todos os grandes feitos foram realizados por grandes homens com grandes ambições e grandes loucuras, homens que não raramente se desumanizavam diante de certos valores para se humanizar frente às mais fervorosas glórias. A vida e a evolução se dão pela luta dos que perderam e querem vencer e os que venceram e não querem perder o posto de vencedor. Sócrates e Jesus negaram essa realidade em nome dos fracos e oprimidos, protegiam os mansos dos ousados e por vezes valorizaram uma justiça injusta em prol da força, exaltaram virtudes típicas de perdedores como dar-se pelo coletivo, abnegação e aceitação de inferioridade.

Um tradicional ensinamento dos pais ao filho, que se aventura em uma competição, é logo dizer “O importante não é vencer,meu filho, é competir”, me deixa indignado tamanho absurdo, se assim fosse não haveria posto de vencedor, todos apenas competiriam como um bando de otários por mérito algum. Quando é feito algum elogio por terceiros: “você está bonito”, “você é muito inteligente”, logo vem a resposta medíocre “Não, o que é isto, não sou tanto assim!”, fala de perdedores! Porque não valorizamos a nós mesmos como nos belos tempos gregos? Tempos quando dignos valores eram relevados, exaltação da força, da criatividade, do orgulho exacerbado, do exagero, onde os limites do homem eram testados e desafiados, do entreguismo, da sede de poder, da ânsia por ser mais do que o resto, mais inteligente, belo, forte, rico, por ser sempre mais.

Termino essa exposição com um apelo, não para que joguemos todos nossos valores modernos fora e que esqueçamos da ética e do respeito, mas para que possamos refletir sobre essa pseudomoralização que assombra nossos tempos com conceitos que negam nossa essência real de ser. E a esse apelo junto uma frase do próprio Nietzsche que expressa claramente meu sentimento nesse instante e ao questionar tudo isso, "Deus está morto. Viva Perigosamente. Qual o melhor remédio? - Vitória!"

Netto Rodrigues

7 comentários:

  1. Caro Netto,
    realmente seria ótimo se todos se assumissem como são,sem outras caras.Vivemos em um mundo de aparências,onde certas atitudes,como a de se auto valorizar,são consideradas inadequadas.Concordo em certos pontos com você.Também acho que um certo egocentrismo,moderado,trás benefícios.Mas não podemos nos esquecer de nossa consciência social.Não podemos somente nos importar com nossas escolhas e com o nosso própio umbigo.Devemos enchergar no outro um ser humano igual.O individualismo pregado em seu texto leva muitos ao sucesso.Mas se penssássemos uns nos outros,poderíamos,todos juntos,alcançar o tão almejado sucesso!
    Um grande abraço,
    Bruno Guariento Barbosa Braga

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  2. Concordo com o Bruno, embora a falsa modéstia seja um problema e o fato de que o mundo ficaria melhor se todos buscassemos dar o melhor de nós mesmos sem se importar tanto com a defesa de pessoas que simplesmente não fizeram por merecer ter o que outros têm, a busca sem limites pelo sucesso pessoal e sem nenhuma consciência ética ou social é uma das característica mais autro-destrutivas da nosssa sociedade. Por mais que em alguns momentos a luta pelo próprio interesse seja bom para o coletivo em outros é extremamente maléfico, por isso existem certos pricípios morais que devem sim ser respeitados, um bom exemplo do ganho pessoal a custa dos outros é a lamaçeira na qual nosso Senado Federal nada.
    Ainda vale ressaltar que acredito que não devemos julgar uma pessoa pelo seu sucesso uma vez que nem todos têm oportunidades iguais, sem querer dizer que o trabalho de várias das pessoas que tiveram êxito não merece crédito, questão que ainda merece ser melhor debatida. No geral te parabenizo pelo texto que está muito bem escrito e com idéias muito interessantes que nos fazem pensar bastante, embora discorde bastante de algumas delas.
    João Paulo Boteho

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  3. Bem dito Bruno e João Paulo. Acredito, Netto, que você esteja seguindo à risca as perigosas ideias de Nietzsche. A mal compreensão dos pensamentos desse filósofo pode levar a consequências drásticas. Citemos Hitler, que acreditou piamente em cada palavra dita por ele, e com base em seus ditos construiu uma nação violenta justificada com conceitos errados. Nietzsche tinha valorosos pensamentos, como você bem cita a necessidade de ação que envolve intensa dedicação do vencedor, mas não podemos exagerar em todos os nossos atos em prol do sucesso pessoal.
    Busque o equilíbrio. Ele não impede o sucesso. Pelo contrário: é uma perfeita ferramenta para o sucesso se bem usado.
    Lucas C. Nogueira

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  4. Comentar seu texto, suas ideias, pensamentos? Acho que não seria pertinente da minha parte, simplesmente vejo uma grande sensibilidade em suas palavras, algo típico de um jovem que está se descobrindo, aos outros e onde vive. Insisto naquele velho ditado: " uma jornada começa com um primeiro passo, uma teoria revolucionária incia-se com um pensamento, uma revolução estoura quando compra-se a paixão por uma causa!" Continue pensando, refletindo e se expondo, no entanto, cuidado com a condução dessa combinação!!

    Parabéns pela iniciativa,

    Luiz Faria Jr.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Realmente, a idéia da vitória, da competição e superação estimula todos a trabalhar e a pensar coisas inovadoras. Consequentemente vem a evolução.
    É da natureza do homem querer ser o melhor e considero este um dos principais valores do mesmo, pois essa vontade natural faz com que a cada momento sejam rompidas novas fronteiras. Se o importante fosse só competir ninguém iria se dar ao máximo, uma vez que, se fosse o pior teria o mesmo mérito.
    Tudo isso acaba sendo uma maneira de se ver de fora a mente humana, que sempre busca um estimulo.
    Um claro exemplo é o capitalismo, que busca o lucro. Para isso são feitos investimentos na tecnologia e educação cada vez maiores, visando não perder mercado, ser o melhor.Posteriormente ocorre a modernização,que vira uma coisa natural nesse quadro competitivo.
    Finalizando, gostaria de dizer que, estar bem muitos estão, mas estar entre os melhores é para poucos.

    Pedro Engler Bicalho

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